quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Andador não é uma boa escolha

   A primeira impressão de perigo vista pela população na utilização de andadores por crianças está relacionada à condição de traumatismos por uma eventual queda junto a escadas e de facilitar o alcance de objetos do qual a criança não estaria apta se não estivesse no equipamento. Um dos principais fatores de risco para traumas em crianças é dar a ela mais independência do que sua idade permite. Tendo essa liberdade, a criança pode ter acesso a objetos e locais que podem provocar queimaduras, intoxicações e afogamentos.


   As situações acima têm fundamento, e devem ser tomadas em consideração também para avaliação da real necessidade de utilização do andador por bebês. Em algumas cidades no Brasil como, por exemplo, Passo Fundo no RS o uso de andadores por crianças em creches e escolas públicas é proibido. Esta condição foi imposta após um acidente ocasionar a morte de uma criança de 10 meses, que caiu enquanto usava um andador.


   Neste artigo queremos abordar outro ponto de vista relacionado ao desenvolvimento destes bebês sobre a questão ortopédica e neurológica. Questões tão importantes quanto os possíveis acidentes já destacados.


   Bebês que utilizam o andador podem apresentar atraso no desenvolvimento psicomotor, levam mais tempo para ficar de pé e para caminhar sem apoio, engatinham menos e têm escores inferiores em testes de desenvolvimento.
O exercício físico também é prejudicado pelo uso do andador, pois, embora ele dê mais mobilidade e velocidade, a criança precisa gastar menos energia com ele do que tentando alcançar o que lhe interessa sem ajuda.



   Existem atualmente diversos modelos de andadores, e provavelmente os modelos que a criança empurra se torna menos prejudicial pelo fato dela já estar caminhando e nesta situação apenas utiliza como apoio. Por outro lado podemos visualizar a condição de mesmo utilizando somente como apoio a criança não estaria estimulando o desenvolvimento de sistemas importantes como o proprioceptivo diretamente relacionado ao equilíbrio.

   O Que é Sistema Proprioceptivo?
   


   É a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação as demais. Esse controle é mantido pela presença de estruturas neurais nas articulações, ligamentos e músculos.
Estes recebem e enviam para o sistema nervoso central informações sobre tensões, pressões ou distensões nas partes do corpo, para que o cérebro decida como reagir para a manutenção do equilíbrio, nos dando a possibilidade de regular nossos movimentos, ampliando sensações e percepções corporais.
Saiba Como fazer a estimulação do Sistema Proprioceptivo: Através de dinâmicas e atividades para explorar o próprio corpo em suas habilidades físicas e motoras. Brincadeiras como no parque, escorregador, balanços; deslocar-se em direção a objetos ou pessoas desejadas; explorar e realizar com destreza progressiva os movimentos refinados; demonstrar controle sobre o corpo em movimento; utilizar a força e demonstrar resistência em brincadeiras que envolvam: subir, descer, pendurar, empurrar e puxar, entre outras atividades…
Estudos indicam que 80% da população adulta têm ou ainda apresentará problemas de dor na coluna vertebral em algum momento da vida. É constante visualizarmos nos consultórios pacientes com problemas de coluna vertebral e alterações de curvas (cifose, lordose) da coluna. Observa-se retificações de curvas, inversões de curvas, curvas compensatórias, diminuições de curvas (hipocifose, hipolordose) e aumento de curvas (hipercifose, hiperlordose) ocasionando assim mais impacto sobre discos intervertebrais e possibilitando processos degenerativos acentuados como desgastes em articulações, discopatias, hérnias discais, osteófitos, e outros problemas. Não mencionando somente processos degenerativos, mas alterações em curvas da coluna vertebral proporcionam também uma situação de compensação bastante intima do sistema neuro-músculo-esquelético, e suas futuras conseqüências.

   A criança nasce somente com duas curvaturas e adquire outras duas durante seu desenvolvimento, que deveria iniciar de forma NATURAL. O fato de a criança engatinhar, sentar e caminhar estimula também o desenvolvimento destas outras duas curvas situadas na região lombar e cervical, essenciais para saúde do Indivíduo durante toda sua vida.

   Existe um Projeto de Lei 4926/13 que pretende proibir a fabricação, a venda e a utilização de andador infantil em todo o território nacional, conforme divulgado na Agência Câmara Notícias. Este projeto está baseado somente no fato de andadores estar relacionado a acidentes e não ao desenvolvimento.

   Desde 2007, é proibido vender, importar, e mesmo fazer propaganda de andador para bebês no Canadá. Existe um movimento muito intenso na Europa e nos Estados Unidos visando a implantar uma lei semelhante à canadense, uma vez que todas as estratégias educativas têm falhado na prevenção dos traumatismos por andadores.

   Estimular a criança e respeitar as fases dela é que vai favorecer o desenvolvimento da criança. Muitas vezes a criança ainda não tem condições de suportar nem o próprio peso e, usando andador, ela não vai ter condições de manter a posição ereta quando vier algum obstáculo.

   Por enquanto no território brasileiro a opção de utilizar ou não com seus filhos este equipamento ainda é sua, então, pense bem sobre isto.